07 DE SETEMBRO
7 de setembro: atos pacíficos marcam o Dia da Independência
Manifestações em defesa e também contra o presidente Bolsonaro ocorreram em diversas cidades no País.
O dia 7 de Setembro deste ano foi marcado por manifestações em diversas cidades no Brasil. E, felizmente, sem o temido confronto nas ruas entre extremas direita e esquerda.
Mesmo tendo sido registrados grupamentos tanto em defesa quanto contrário ao atual governo, Jair Bolsonaro (sem partido) reuniu muito mais pessoas. O presidente da República esteve presente nas manifestações em Brasília e discursou na Av. Paulista. E esse resultado se tornou sua mais elevada aposta política desde que assumiu o Palácio do Planalto.
Bolsonaro criticou as ações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e disse que não obedecerá mais as decisões de Moraes. Segundo o presidente, ”o povo acordou”. Faixas e cartazes levadas pelos apoiadores do presidente apontavam a “não confiança na Suprema Corte do Brasil” e pediam a “destituição do STF”. Também havia muita defesa pelo voto impresso
“O evento foi eleitoral. Brasília flopou, mas São Paulo não. O grande derrotado foi João Doria. Sem São Paulo, Dória não decola. Nem ele, nem a terceira via”, avaliou o cientista político Darlan Campos. Ele destacou ainda que o tamanho das manifestações foi menor do que o anunciado. “A manifestação dialogou, em grande parte, com a base mais militante do Bolsonarismo (~15%)”
7 de setembro pró-Bolsonaro
No Espírito Santo, os atos em defesa do presidente foram além da Grande Vitória. Em Linhares, os manifestantes se reuniram na Praça 22 de Agosto. E o ato contou com o apoio de igrejas católicas e evangélicas no movimento que chamaram de “Proclamando o Resgate da Nação”. Semanas antes, nas missas e cultos, e também pelas redes sociais e grupos de whatsapp, as pessoas eram convidadas a “orar /rezar pelo Brasil”.
Também houve grupos de caminhoneiros, motociclistas, tratoristas e ciclistas participando do movimento “verde amarelo”. Quase todos, vestindo camisaa do Brasil ou com a imagem do presidente.
Em São Mateus, grupos de manifestantes saíram de diferentes locais em direção ao mercado municipal, no centro da cidade. Lá havia um trio elétrico, com lideranças políticas e pastores evangélicos. “Estamos defendendo um presidente que foi eleito pelo povo, a soberania nacional, que vem sendo ameaçada o tempo todo. Estamos defendendo a liberdade, porque não luta por ela merece ser escravo”, apontou o historiador e político Eliezer Nardoto.
Em Vila Velha, os manifestantes fecharam a Terceira Ponte em direção à Praça do Papa, na capital capixaba, onde se encontraram com moradores de Vitória. “Fui às ruas apoiar a democracia, o combate à corrupção, contra os abusos do STF. Fui às ruas a favor da liberdade de expressão, da independência entre os três poderes e por uma imprensa limpa. Fui a favor de um Brasil melhor para todos”, declarou a empresária Emanuelle Nunes.
Brasil afora
Em Brasília, aproximadamente, 150 mil manifestantes ocuparam a Esplanada dos Ministérios, segundo estimativa da Polícia Militar do Distrito Federal. Apesar do número bem abaixo do esperado, o ato em apoio ao presidente Jair Bolsonaro reuniu pessoas de diversas partes do Brasil. As principais reivindicações do grupo foram a adoção do voto impresso e a destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na Avenida Paulista, em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro discursou a apoiadores. E, diferentemente do que fez pela manhã em Brasília, ele criticou nominalmente o ministro do STF, Alexandre de Moraes. Também dirigiu críticas à Suprema Corte e ao sistema eleitoral
Disse aos manifestantes que não irá “mais admitir que pessoas como Alexandre de Moraes continuem a açoitar a nossa democracia e desrespeitar a nossa Constituição”. Segundo a PM havia uma média de 125 mil manifestantes. Mas, para quem esteve presente e tambepm as imagens mostram que a quantidade de pessoas era maior. Enviado do portal o Singular para cobertura do evento contou mais de 20 quarteirões totalmente ocupados por manifestantes na Avenida Paulista e e um “mar de camisas verde amarela” nas ruas lateriais.
E acrescentou: “Dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda para se redimir. Tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos. Sai Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha, deixa de oprimir o povo brasileiro”. E disse ainda que não cumprirá decisões tomadas pelo ministro, além de cobrou que “presos políticos” sejam colocados em liberdade.
Outra cidade que registrou forte movimento pró-Bolsonaro foi Belo Horizonte. O ponto alto do encontro se deu na Praça da Bandeira “. Como brasileiro, como patriota, achei maravilhosa essa manifestação, principalmente contra os desmandos políticos que vem acontecendo no Brasil”, apontou o empresário Roberto Marques, 63 anos. Para ilustrar o que chamou de sucesso do ato na capital mineira, Marques fez um registro: “os camelôs arrebentaram de vender a blusa com a foto do presidente.”
O singular recebeu ainda imagens e depoimentos de manifestantes em defesa de Bolsonaro residentes em Fortaleza, Natal, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Goiânia e Palmas.
Fora Bolsonaro
Ainda que tenha reunido um número menor de manifestantes que os apoiadores do presidente, o movimento “Fora Bolsonaro” também foi registrado em diversas cidades. Tradicionalmente conhecido como o “Grito dos Excluídos”, o ato teve como pontos centrais do protesto o aumento das desigualdades sociais e de diferentes formas de violência.
“Bolsonaro deixou vencer a bagatela de R$ 243 milhões em testes, vacinas e remédios, porque não se importa com as pessoas. A não ser que sejam pessoas da sua família, ai ele muda até diretor da PF para proteger.”, apontou a fisiterapeuta e empresária Lorena Vianna Geller
“Pronto. Já teve o show, agora vamos voltar ao que interessa. Presidente, o que o senhor tem a dizer sobre 14,8 milhões de desempregados, 19 milhões com fome, gás acima de 100 reais, gasolina acima de 7, juros de dois dígitos e PIBinho?”, questionou Lorena.
Na avaliação do professor da Escola de Ciência Política da Unirio, Guilherme Simões Reis, as manifestações bolsonarisas foram “claramente menos expressivos do que era esperado, considerando o nível de mobilização pelas redes bolsonaristas e também os investimentos feitos por empresários”. Mas , segundo ele, “de qualquer forma, estiveram longe de ser um fiasco”.
Tradição Autoritária
O apoio explícito ao presidente mostra que, no entendimento de Reis, “um quinto da população brasileira é herdeiro dessa tradição autoritária, escravocrata, patriarcal. “Quem foi gritar a favor de Bolsonaro, por intervenção militar, com a bandeira do Brasil misturada a dos Estados Unidos e de Israel, vestido de capitão América, de cavaleiro medieval, é o grupo que mesmo com a piora do Brasil em todos os indicadores – desemprego, inflação, desempenho catastrífico no enfrentamento da pandemia, corrupção da família presidencial – mantém apoio ao presidente. São facistas de carteirinha”.
Ainda na colocação de Guilherme, apesar do movimento ser extremamente elitista, ele conta com bases populares de apoio. “E isso é uma chaga que Bolsonaro sofra impeachment, seja preso, fique fora do jogo, o problema não acaba, porque temos uma amrgem muito grande de brasileiros claramente facistas.”, finalizou
Uma avaliação corroborada por Telma Mara Bittencourt Bassetti, professora Dra. da Escola de Turismo. “Não por acaso, o governo Bolsonaro, marcado por uma ultradireita, numa aproximação com facismo e com o nazismo, tem como perpectiva política o aprofundamento da desigualdade social, na medida em que se trata de uma política de usurpação de todos os recursos”.
Para ela, as reações e o discurso dos apoiadores assusta, mas não surpreende. “Você tem um grupo majoritário branco de uma elite brasileira branca, racista, misógina e que vai às ruas pedindo manutenção de privilégios. É a incapacidade de perceber o Brasil para além de si próprio. E a manutenção de Bolsonaro no governo se dá muito a partir dessa estrutura racista institucionalizada. Apesar dele ter centenas de crimes de responsabilidade e de outras naturezas, se mantém no poder porque o discurso anti-petista cai como uma luva dentro dessa realidade de racismo, de preconceito, de patriarcado, de machismo, de colonialismo.”, declara Telma.
O cientista político Darlan Campos apontou ainda que no discurso de Bolsonaro há uma tentativa de isolar o judiciário, especialmente o STF, “contra medidas que julga fora das 4 linhas. Quanto mais as investigações se aproximam da família do presidente, mais barulhento fica o discurso”.
Para Darlan, a fala do presidente, mais uma vez, excluiu os principais problemas da nação: inflação, desemprego e crise hídrica, entre outros. “E girou em torno das pautas tipicamente do ideário bolsonarista: voto impresso, liberdade de expressão, STF, governadores, TSE… Serviu para a militância. Foi pensado”, finalizou Campos.
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