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” O mito da caverna e a sociedade brasileira “

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Sejam bem vindos a “Sete miligramas ” a ideia central deste espaço é compreender melhor o cenário político, médico, econômico e cultural em que vivemos utilizando algumas ferramentas para entender melhor nossa sociedade, lançar ideias que possam promover reflexões e modificar olhares.

Um Projeto que converge com que Sócrates entenderia: 

“ Saber e ser aquilo que você sabe, integrar o seu conhecimento aquilo que você é, e conhecer de fato aquilo que você vive, aceitar o conhecimento da realidade o qual você se insere e tornar tudo isso coerente de alguma forma ”

Sócrates tinha um método que transparecia nos diálogos de Platão que era a maiêutica, que consistia em extrair a verdade e o conhecimento através de um diálogo, ele lapidava as camadas linguísticas e trazia a verdade e a realidade em que vivia. 

Ele era sábio por saber aquilo que não sabia, o limite do conhecimento dele, tinha a consciência da própria ignorância o preceito básico para perseguir a realidade, devemos ser muito sinceros e deixar bem claro o que não sabemos. Hoje é muito fácil contestarmos nossa sociedade com argumentos superficiais e criar a abstração da mentalidade revolucionária. As descrições de Platão são muito importantes neste momento atual como veremos em a Alegoria da Caverna presente no livro VII da “A república” de Platão:

Na alegoria da caverna Platão diz que somos como estes prisioneiros encostados no muro olhando para a sombra ao fundo da caverna, sobre esta parede são projetadas imagens, sombras de objetos carregados por pessoas localizadas atrás do muro onde estamos encostados, estas acontecem por causa de uma fogueira acesa que antecede o muro na caverna. Acontece que um destes prisioneiros se liberta, ele olha a situação em que está, vê surpreso as pessoas andando com aqueles objetos refletindo na parede, passa por aquelas pessoas, pela fogueira e sobe até a saída da caverna e finalmente contempla o mundo lá fora. O que acontece com esta pessoa quando ela contempla a vastidão da realidade fora da caverna? num primeiro momento ela mal consegue enxergar pois a luz fere seus olhos, depois com passar de algum tempo os olhos se acostumam a luz e a pessoa realmente consegue enxergar todo o mundo ao seu redor, maravilhado com aquilo o prisioneiro volta para a caverna e vai falar com seus amigos sobre toda a realidade todo o mundo que está lá fora. O que seus amigos fazem? Os amigos então matam aquela pessoa que tentou lhes contar a verdade e expandir sua cabeça.

É uma experiência que todos nós vivemos. Plantão tinha muito disso, utilizava mitos, narrativas mitológicas para transmitir grandes realidades a respeito da nossa vida. Todos nós de certa forma vivemos dentro da caverna até que alguma coisa nos estimula, uma grande crise, algum evento na nossa vida nos leva a expandir nosso horizonte de consciência e buscar a verdade que transmite a real complexidade da realidade, uma vez dotado daquilo passamos a conhecer algo que antes não conhecíamos e que de regra as pessoas ao nosso redor não conhecem, e aí o grande risco é que na transmissão desta verdade cause um grande estranhamento a outras pessoas e leve enfim a uma agressão contra aquele que tenta “conduzir para fora” ou “abrir a cabeça”.

A concepção que sempre tem me inspirado são os escritos de Hélio Angotti Neto e o aforisma de José de Letamendi y Manjarrés (1828-1897):

“ O médico que só sabe medicina, nem medicina sabe”.

Para ser um agente modificador na sociedade, alguém capacitado a viver de forma madura como diziam os gregos antigos spoudaios quem quer atingir a maturidade e o conhecimento, para isso o médico precisa saber mais do que medicina, o engenheiro além das construções, o advogado mais que as leis devemos transpassar ou transcender a esfera da ciência ou labor o qual atuamos para alcançar uma compreensão mais extensa da sociedade e adquirir uma capacidade ampliada de se relacionar com ela e o próximo . 

A população está alienada e à mercê de pessoas bem capacitadas, mas com objetivos outros que acabam manipulando a sociedade. A ideia é dar munição analítica, ampliar a discussão e exaltar as artes liberais, a democracia e a liberdade de expressão. 

A mídia de massa atual está destoante dos anseios da sociedade e fora da realidade enclausurada em bolhas transmitindo opiniões e não fatos, perdeu o monopólio da informação. A nova mídia que nasceu da liberdade da internet e das redes sociais promovem a oportunidade do contraponto, da opinião outrora excluída nas redações por não seguir a cartilha de determinada “elite”. 

A mídia tradicional perdeu o poder de ditar o pensamento e a sociedade está em convulsão, antes estávamos acostumados a um coro uníssono que comandava seu o comportamento, a internet libertou o pensamento individual, deu voz a todos e presenteou com o alcance da multidão de cérebros, estamos exatamente no meio do processo de experimentação da pluralidade de informações, é a democracia de verdade. Todos podem falar, filmar e escrever e há um delírio generalizado, não nos ensinaram a filtrar ou interpretar a realidade.

O fato é a ausência de formação humanística na população, temos ojeriza à política e presumimos a inutilidade da filosofia. A ausência de formação política gera interpretações imprecisas dos fatos, observamos apenas uma opinião para vislumbrar um fato, como se tudo fosse simples e superficial, apanhamos muito, escolhemos errado a décadas por que sabemos muito pouco como funciona a sociedade .

Sir Roger Scruton escreve em “O que é conservadorismo”. 2015

“ Da mesma forma, as pessoas vão obter educação somente se elas a desejarem por seu próprio fim, mas conseguirão bem mais do que isso. Elas vão adquirir a habilidade de se comunicar, de persuadir, de atrair e de dominar. Em qualquer arranjo social, tais capacidades serão vantajosas, mas a educação nunca pode ser buscada somente com meios para elas, mesmo se são sua consequência natural.”

Valorizar a política, a filosofia e a cultura naturalmente gera uma capacidade critica na sociedade com aprimoramento e liberdade individual, sua mente escapa das armadilhas do coletivismo brotando naturalmente uma interpretação diferenciada da sociedade. A consequência é transformar o ambiente em que vivemos.

Não subestimem a política! Políticos são pessoas extremamente inteligentes, não subestimem o político e a política, quem assim faz está fadado a um futuro sombrio, sem liberdade e dominado por uma elite que pensa e empurra goela abaixo suas vontades.

Sete miligramas é um convite a beber da fonte, desnudar armadilhas, buscar a verdade além das intenções e observar os fatos por vários ângulos . Vamos pensar além no Portal de Notícias O Singular. 

- Médico Cardiologista pelo HSJA e pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, Mestrando na SCBH, Diretor Sociedade Brasileira de Cardiologia do Espírito Santo 2020/21, é médico assistente da Unidade Coronariana Intensiva (UTI do Coração), da enfermaria cardiológica, da equipe de Cirurgia Cardíaca, Hemodinâmica e é também coordenador do programa de residência médica do Hospital Rio Doce, Linhares Medical Center e Hospital Unimed Norte Capixaba em Linhares-ES. Um dos apresentadores do programa bate papo das 6 na REDE SIM. Membro do Aliança Jovem. CRM/ES 11491 e RQE 10191.

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