POLICIAL
Policia conclui que sequência de erros levaram PMS de Colatina a agirem com excesso e causar morte de jovem com mais de 40 disparos

Na madrugada de 1º de fevereiro, uma sequência de abordagens desastrosas da Polícia Militar terminou com a morte de Danilo Barbosa Santos, de 23 anos, em Águia Branca, no Noroeste do Espírito Santo. A investigação conduzida pela Polícia Civil concluiu que os policiais militares envolvidos agiram de forma precipitada e sem respaldo legal. Por isso, foram indiciados por tentativa de homicídio e responderão tanto na Justiça Militar quanto na Justiça Comum.
O caso teve início durante uma operação da PM que buscava suspeitos de um roubo à mão armada ocorrido horas antes. Os criminosos haviam abandonado um veículo e fugido a pé. Às 23h15, as equipes passaram a patrulhar a região em busca dos assaltantes.

Danilo, que não tinha qualquer ligação com o crime, havia saído de uma distribuidora de bebidas com amigos e seguiu viagem na carroceria de uma caminhonete. A primeira abordagem ocorreu à 00h07. Imagens de videomonitoramento mostram que, ao perceberem a aproximação dos policiais, alguns dos ocupantes pularam da caminhonete. Danilo no volante, fugiu com um dos amigos que estava de carona.
Pouco depois, houve uma segunda abordagem, feita por outra equipe da PM. No vídeo que circula nas redes sociais, é possível ouvir os comandos de parada dados pelos policiais, mas Danilo novamente desobedece e segue em alta velocidade.
Minutos depois, a segunda tentativa de parada foi realizada. Embora os policiais tenham informado via rádio sobre a fuga do veículo, não comunicaram que se tratava de uma infração de trânsito, o que levou outras equipes a suporem que estavam diante de um confronto com criminosos armados.

A terceira abordagem, às 00h11, marcou o início da escalada da violência. Dois policiais dispararam ao menos cinco vezes contra o carro de Danilo, alegando legítima defesa. De acordo com o relatório da investigação, porém, as imagens mostram que os tiros continuaram mesmo após a caminhonete ter passado, sugerindo excesso de força e disparos pelas costas.
Um objeto chegou a ser arremessado pela janela durante a fuga, mas não pôde ser identificado, já que as imagens da câmera de segurança do local foram sobrepostas.
O amigo de Danilo, com medo, pulou do veículo em movimento e se escondeu. Sozinho, o jovem dirigiu por mais alguns metros até encontrar uma nova barreira policial.


Na quarta abordagem, ele foi cercado. Policiais de outra equipe dispararam contra a caminhonete, atingindo Danilo com cinco tiros. Ele morreu ainda no local.
Os militares envolvidos — sargento Renan Pessimilio, cabo Rodrigo de Jesus Oliveira e os soldados Eduardo Nardi Ferrari e Guilherme Martins Silva — foram indiciados por tentativa de homicídio nas abordagens anteriores e responderão também pela morte de Danilo. Além das acusações criminais, os quatro foram enquadrados por quebra de disciplina e má conduta profissional.
O delegado Geral da PCES, José Darcy Arruda, também apontou que os disparos foram que matou Danilo foram motivados por uma tentativa de defesa sem fundamento real, classificada como “defesa ilusória”. Os PMS alegaram risco iminente, mas não conseguiram comprovar qualquer ameaça direta à integridade deles durante as ações.
O caso, que gerou comoção em todo o estado, levanta novos questionamentos sobre o preparo das forças de segurança em operações e o uso desproporcional da força em abordagens a civis.