SAÚDE
Médico do ES explica por que alguns alimentos elevam o risco de câncer
Escolhas inadequadas e pouco saudáveis na dieta diária podem desencadear diversas doenças, entre elas o câncer. Alimentos como carne defumada, produtos ultraprocessados, instantâneos ou refinados, álcool e frituras podem elevar o risco de desenvolver a doença.
O alerta é do médico radioterapeuta Carlos Rebello, do Instituto de Radioterapia Vitória (IRV). Ele explica que cerca de 90% dos casos de câncer surgem em função de fatores ambientais, como tabagismo, sedentarismo e alcoolismo.
Uma alimentação pobre em fibras e propriedades antioxidantes, que protegem o organismo, pode desencadear o surgimento de tumores.
“O objetivo da nutrição é levar energia e nutrientes necessários para que o organismo possa funcionar de forma equilibrada e normal. Daí a importância de uma dieta saudável”, afirma o médico.
Preparo importa
Sobre a carne vermelha, Carlos Rebello destaca que existem duas linhas de orientação. A primeira diz respeito ao modo de preparo de carnes bem passadas e tostadas em altas temperaturas, que pode produzir substâncias cancerígenas.
Já a segunda é um estudo, realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia, que demonstrou que certas formas de uma substância conhecida como ácido siálico não-humano, presentes na carne vermelha, podem provocar um processo inflamatório que predispõe ao câncer.
“Como não há consenso, a recomendação feita pelo World Cancer Research Fund, órgão norte-americano para a prevenção do câncer, é que cada pessoa consuma até 500 gramas de carne vermelha por semana”, afirma o especialista.
Em pacientes que estão em quimioterapia, não há estudos de que carne vermelha provoque crescimento tumoral, podendo ser consumida, de acordo com o médico.
“É importante saber que carne vermelha, aves, peixes e ovos são saudáveis, desde que sejam consumidos com moderação”, orienta.
Uma alimentação adequada e exercícios físicos são as principais armas de combate ao surgimento de determinados tipos de câncer.
“Frutas vermelhas, chá verde, tomate, molho de tomate, goiaba, melancia, cenoura, abóbora, espinafre, couve, frutas cítricas (laranja, acerola, abacaxi), couve-flor, brócolis, soja, feijão, alho, peixes (sardinha, atum e salmão) e linhaça são alguns alimentos que ajudam a evitar o câncer”, detalha o especialista.
Entenda o risco
Carlos Rebello explica por que carne processada, frituras, refinados, álcool, bebidas gaseificadas, enlatados e instantâneos não devem ser consumidos em excesso:
“Esses alimentos podem levar ao desequilíbrio oxidativo, aumento de radicais livres, inflamação no corpo. No caso dos enlatados, há ainda o risco do Bisfenol A (BPA), composto que quando dissolvido nos alimentos pode causar desequilíbrios hormonais, alterações no DNA e câncer”, alerta o médico.
TABELA
Alimentos que elevam o risco de câncer
• Carnes processadas: são as defumadas, salgadas, curadas ou que passam por fermentação, como presunto, salsicha, linguiça, bacon, salame, mortadela e peito de peru. As substâncias presentes na fumaça da defumação, os conservantes (como nitritos e nitratos) e o sal podem provocar câncer de intestino (cólon e reto).
• Frituras: estudos apontam que o composto químico acrilamida, formado pelas altas temperaturas da fritura, pode aumentar o estresse oxidativo e a inflamação no corpo, levando ao crescimento de células tumorais.
• Refinados: alimentos refinados, como farinha, açúcar ou óleo, devem ser vistos com cautela. Segundo estudos, açúcar e carboidratos processados elevam o risco de inflamação no organismo e estresse oxidativo, podendo causar câncer de ovário, mama e de endométrio.
• Álcool e bebidas com gás: ricos em açúcar refinado e calorias, o álcool e as bebidas gaseificadas em excesso podem aumentar o número de radicais livres no corpo e causar inflamação. Eles dificultam o diagnóstico de células pré-cancerosas e cancerígenas no corpo.
• Enlatados e instantâneos: alimentos enlatados e instantâneos elevam o risco de câncer, pois a maioria das embalagens é revestida com Bisfenol A (BPA), composto que ao ser dissolvido nos alimentos pode causar alterações no DNA, desequilíbrios hormonais e tumores.
Fontes: Inca e Carlos Rebello, médico radioterapeuta do IRV